Buraco na camada de ozônio está diminuindo, dizem cientistas.


RIO – Em 1985, cientistas anunciaram que todos os anos, no início da primavera no Hemisfério Sul, um imenso buraco se abria na camada de ozônio da atmosfera sobre a Antártica. E o pior: ele também estava ficando cada vez maior. Responsável por proteger a Terra da maior parte dos raios ultravioleta emitidos pelo Sol — capazes de provocar mutações genéticas que levam ao surgimento do câncer, por exemplo —, a camada de ozônio é fundamental para a manutenção da vida em nosso planeta. Sem ela, a Humanidade não conseguiria sobreviver e, assim, a notícia de seu desaparecimento, ainda que sazonal e sobre uma área em grande parte inabitada, caiu como uma bomba na comunidade internacional.

Estes mesmos cientistas, no entanto, também sabiam qual era a principal causa por trás do sumiço do ozônio: os clorofluorcarbonos (CFCs), compostos químicos então muito usados na refrigeração, em especial em geladeiras e aparelhos de ar-condicionado, que, ativados pela volta da luz solar ao Polo Sul com o fim do inverno, davam início a uma série de reações que destruíam a camada do gás localizada na estratosfera. Diante disso, governos ao redor do planeta pela primeira vez se uniram num projeto para combater um problema ambiental criado pela própria Humanidade, propondo banir os CFCs. Assinado em 1987, o Protocolo de Montreal determinou a gradual proibição da fabricação e utilização dos compostos e agora, quase 30 anos depois, a camada de ozônio sobre a Antártica apresenta uma clara tendência de recuperação, relatam pesquisadores em artigo publicado na edição desta semana da revista “Science”.

Planeta em processo de cura

— Podemos dizer com confiança que o que fizemos colocou o planeta no caminho da cura — comemora Susan Solomon, professora do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), EUA, integrante do grupo de cientistas que fez o alerta original em 1985 e líder da pesquisa publicada na “Science” ontem. — E isso é muito bom pra nós. Não é incrível que nós, humanos, fizemos algo sobre uma situação que criamos e decidimos coletivamente nos livrar destas moléculas?

No estudo, Susan e colegas do MIT, do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas dos EUA, no Colorado, e da Universidade de Leeds, Reino Unido, usaram medições feitas por satélites e do solo, assim como modelos computacionais em 3D, para avaliar o comportamento da camada de ozônio sobre a Antártica nos meses de setembro entre 2000 e 2015. Nesta época do ano, o buraco já começou a se formar mas ainda não atingiu seu auge, o que normalmente acontece em outubro, com seu tamanho sendo influenciado principalmente pela presença dos compostos com cloro. De acordo com os cientistas, descontadas influências climáticas e da atividade vulcânica, que também afetam a camada de ozônio, o rombo sobre a Antártica encolheu em mais de quatro milhões de quilômetros quadrados no período, ou pouco menos que metade da área de todo território brasileiro.

— As observações e os modelos computacionais concordam: teve início o processo de cura da camada de ozônio da Antártica — afirma Ryan Neely III, pesquisador da Universidade de Leeds. — Também pudemos quantificar em separado os impactos dos poluentes emitidos pela Humanidade, das mudanças nas temperaturas e nos ventos e dos vulcões no tamanho e magnitude do buraco do ozônio na Antártica.

Segundo Susan, diante das progressivas diluição e queda nas concentrações dos compostos clorados na atmosfera, não há razão — com exceção de sucessivas e catastróficas erupções vulcânicas — para que o buraco na camada de ozônio não continue a diminuir e até termine por se fechar em meados deste século.

— O que é mais excitante para mim pessoalmente é que isso completa um ciclo de 30 anos de meu próprio trabalho — conta. — A ciência ajudou ao mostrar o caminho; diplomatas, governos e indústrias foram incrivelmente capazes de se livrar destes compostos e agora estamos de fato vendo o planeta começar a melhorar. É algo maravilhoso.

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